sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A vocação de São Luís do Paraitinga

Pessoal, lindo este artigo! E eu fiquei emocionadíssima!!!!!!! Embora existam muitos outros “embaixadores” que mereçam muito mais do que eu esta homenagem, acredito que foi mesmo um carinho de uma grande amiga! Obrigada chefa!!!! Curtam a leitura!!!!!!


A vocação de São Luís do Paraitinga
Por Andréa Martins

Acho que o povo de São Luís nasceu com vocação para a música e para a alegria. Na terra de Elpídio do Santos não tem espaço pra sofredor, só pra artista e lutador!

Poucas vezes visitei a cidade como turista, quase sempre a trabalho, como repórter. Muitas vezes editei matérias de outros repórteres e sempre me contagiei pela irreverência daquela gente. Quanta criatividade, quanta risada dei sozinha com as peripécias daquela terra!

Terra das marchinhas, dos bonecões, dos casarões, do coreto na praça (que nunca foi esquecido, como em outras cidades do interior), do Carnaval e até do saci pererê. É isso mesmo, pra quem não sabe, em São Luís não tem Halloween no dia 31 de outubro, tem saci. E é tanta traquinagem, que o Dia do Saci (instituído até por lei no calendário da cidade) deixa o Dia das Bruxas com suas "gostosuras ou travessuras" no chinelo!

Lembro bem das matérias que editei sobre os folclores luisenses: tinha historiador explicando seriamente as aparições do menino de uma perna só, tinha comerciante contando que o moleque havia dado prejuízo escondendo as coisas da loja, tinha competição de marchinha falando sobre o "coisa ruim", tudo verdade verdadeira!

E o Carnaval então...ah quanta irreverência! Quem nunca ouviu falar no Juca Teles, o bloco que sai todo sábado de Carnaval e joga água nos foliões o tempo inteiro? Tem também o Bloco do Barbosa, o Bloco do Lençol, o Bloco da Maricota e muitos outros que arrastam multidões pelas ruas estreitas da cidade histórica. Mas antes do Carnaval chegar, São Luís já vira notícia com o concurso de marchinhas. E em junho, pra ninguém sentir saudade da folia, tem concurso de música junina. O vencedor leva pra casa um porco, o segundo lugar leva uma galinha e o terceiro, um ovo. O importante é que todos levam o primeiro prêmio em diversão e alegria!

Mas a melhor história de todas foi quando sequestraram o João Paulino. O bonecão, já conhecido de todos no Carnaval de São Luís, passava o restante do ano recebendo os fregueses na porta de um restaurante no centro da cidade, ao lado de sua companheira Maria Angu.

A notícia se espalhou e a cidade, inconformada com o sumiço do boneco, chamou a imprensa. Fomos todos, é claro. Botamos a cara dele em todos os noticiários e o dono ofereceu recompensa pra quem encontrasse João Paulino, lembrando que a pobre Maria Angu estava inconsolável com a solidão e havia sido mandada para uma temporada num spa para curar o estresse. Alguns dias depois, outra reportagem importante: encontraram o corpo de um boneco no Rio Paraitinga e mandaram fazer o exame da arcada dentária pra comparar com a de João Paulino. O fim da história foi que o pobre bonecão nunca foi encontrado e Maria Angu ganhou um novo companheiro e foram felizes para sempre...

Assim como a história de Maria Angu e João Paulino, nem sempre a realidade é boa e engraçada como as lendas de São Luís do Paraitinga, mas tudo pode ter um final feliz quando há sonho, alegria e determinação. E isso o povo de São Luís tem de sobra!

Tenho certeza de que as marchinhas vão contar a tragédia daqui a algum tempo, embalando moradores e turistas em volta do coreto da praça. Não tenho dúvidas de que a alegria será reconstruída, assim como os casarões, porque em São Luís do Paraitinga apenas a Igreja desmoronou, mas não a fé!

Dedico este artigo a minha querida amiga Rose Duarte, embaixadora de São Luís do Paraitinga no Vale, e a todo povo luisense.

Artigo publicado no jornal Valeparaibano – 29/01/10 (hoje!)

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